CASACOR RIO 2025 - Estar da Varanda

 

Se varanda cantasse, essa aqui cantaria em tom de bossa nova, soprando brisa de fim de tarde e cheiro de café passado no coador. O “Estar da Varanda”, na CASACOR Rio de Janeiro 2025, é desses espaços que a gente entra devagarinho, com respeito, quase tirando o chapéu na porta, como quem visita casa de vó, mas com alma de casa de artista.

É um ambiente que não grita. Ele sussurra. Fala baixo e bonito, no sotaque leve do carioca que aprendeu a receber bem sem precisar empolação. Aqui, cada canto tem um quê de conversa boa. Os espelhos nas paredes laterais, por exemplo, não servem só pra vaidade eles puxam o verde das árvores para dentro, como quem convida o mato pra tomar um cafezinho. E, ó, o mato veio.

Os shutters de madeira, esses sim, têm alma de interior. Fecham o calor, mas não a luz. A madeira, viva e terrosa, abraça o espaço como um cobertor de tricô numa manhã fresca de outono. É aconchego com elegância, coisa rara de se achar como jabuticaba boa no pé.

Tem um tempero lusitano também, que chega sem fazer estardalhaço: as obras de Antonio Bokel, Mateu Velasco e Marcelo Macedo cruzam o Atlântico com a leveza de um azulejo português que encontrou sol do Rio. É um Rio-Lisboa sem escala, só sentimento.

O mobiliário contemporâneo e as texturas misturadas são o ponto de equilíbrio entre a tradição do feito à mão e a ousadia do design. Uma mesa com cara de feira chique, um sofá que pede chinelo nos pés e um papo sem pressa. O artesanal aparece ali como deve ser: presente, bonito, e sem pedir licença.

No mais, o “Estar da Varanda” é isso: um espaço que não quer ser fotografado, quer ser vivido. Um convite ao convívio, desses que a gente aceita com sorriso, tira o sapato e pergunta: “Tem mais café?”

Por Mauro Senna


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