CASACOR 2025 Rio de Janeiro - ALCÔVE

 

Ao adentrar o “ALCÔVE”, o visitante é gentilmente desplugado do ruído do mundo. Jean De Just não apenas desenha um espaço ele coreografa uma experiência sensorial que dança entre o etéreo e o profundamente tátil. A proposta soa como mantra: corpo, mente e espírito em simbiose. Mas aqui, o mantra ganha forma, cheiro, textura e temperatura.

Logo ao cruzar os portais de gesso que ondulam no teto como um sussurro do vento em pleno concreto — somos recebidos por uma paleta cromática clara, quase sussurrada, que não impõe, apenas convida. A luz, essa alquimista do invisível, escorre suave pelas paredes curvas, revelando volumes com delicadeza quase líquida. É um ambiente que não se olha; se sente.

O piso, de marqueteria quase zen, parece ter sido posicionado por um mestre artesão com TDAH funcional: preciso, porém espontâneo. E essa é a magia do projeto, um caos contido, um controle relaxado, como uma respiração profunda entre emails.

Cada sala seja de massagem, meditação ou banho opera como um pequeno templo contemporâneo. A lareira, inesperada e bem-vinda, arde mais como símbolo de calor interno do que de necessidade térmica carioca. Lá fora, o Brasil pulsa discreto: cobogós lançam sombras gráficas no jardim, azulejos redesenham o chão com memória afetiva, e formas geométricas relembram que o espiritual também pode ser arquitetônico.

O “ALCÔVE” não grita tendência, ele murmura permanência. É um branding sensorial de bem-estar elevado à categoria de arte espacial. Jean De Just entrega mais que um espaço bonito entrega um argumento. Um statement de que o luxo contemporâneo é, antes de tudo, silêncio bem curado e matéria que acolhe.

Mauro Senna



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