ARTRIO 2025: WG Galeria

 

Na sua participação na ArtRio 2025, a WG Galeria demonstrou maturidade curatorial e sensibilidade estética, mesmo sendo uma presença relativamente nova no circuito das grandes feiras de arte. Com uma seleção de artistas que trabalham entre a matéria e o conceito, a galeria apresentou obras que exigem atenção, tempo e uma escuta visual atenta algo raro (e necessário) em um evento marcado pela pressa e pelo apelo comercial.

O estande apostou em uma paleta terrosa, gestos pictóricos densos e texturas que evocam paisagem, corpo e memória. Obras como as da mostra Natureza Vívida revelaram o compromisso da galeria com uma arte de presença física e poética, onde a superfície da obra carrega também uma profundidade simbólica. Essa escolha foi corajosa: em vez de optar por obras mais “vendáveis” ou visualmente imediatas, a WG preferiu sustentar um discurso autoral e crítico.

O resultado foi um estande intimista, contemplativo e consistente, ainda que limitado pelo espaço físico e por certa falta de mediação direta com o público. Em alguns momentos, o silêncio conceitual das obras contrastava com a velocidade e o ruído do ambiente ao redor um contraste que, longe de ser um defeito, talvez tenha sido a maior qualidade da galeria na feira: ser um ponto de pausa e reflexão.

Se por um lado a WG ainda enfrenta desafios típicos de uma galeria emergente com visibilidade reduzida entre os grandes nomes, estrutura menor, menor apelo imediato ao mercado, por outro, sua atuação na ArtRio mostra que ela está disposta a ocupar um lugar relevante, não apenas no mercado, mas no debate artístico contemporâneo. E isso, por si só, já é um gesto marcante.

Por Mauro Senna

Foto: MSenna