Club Zero

 

Club Zero

Liderado pela esquiva e enigmática Miss Novak, interpretada de forma deliciosamente bizarra por Mia Wasikowska, Club Zero mergulha em abismos sombrios e perturbadores do autocuidado extremo. 

A direção de Jessica Hausner assume uma estética que remete às produções assinadas por Yorgos Lanthimos e Wes Anderson, a partir de um grupo de estudantes privilegiados e matriculados em um internato de elite, seduzidos pela promessa de melhorar o mundo através da "alimentação consciente".

Num primeiro momento, apresentada como uma filosofia de consumo responsável, a obsessão da Srta. Novak pelo consumo minimalista se transforma rapidamente em uma dança perigosa coreografada por distúrbios alimentares, induzindo seus alunos conceberem o auto-sacrifício extremo como o caminho para a iluminação pessoal e planetária. A relação entre a líder e seus seguidores se assemelha a um culto em respeito ao qual, seus alunos se empenham em demonstração da sua total devoção à negação extrema da comida como alimento do corpo.

O filme expõe o vazio por detrás da busca desenfreada pelo "bem maior", questionando quem, de fato, é o verdadeiro beneficiário desse sacrifício extremo. Enquanto isso, jovens que lutam para encontrar o real significado de suas vidas, são facilmente seduzidos pela figura estranha e carismática da Srta. Novak, ignorando consequências de suas ações que tangenciam a fatalidade.

Embora Club Zero seja envolvente e, em alguns momentos, até mesmo cativante, sua estética, enquanto reveladora de distúrbios alimentares, pode ser profundamente perturbadora para alguns espectadores. Se por um lado, alguns deles podem apreciar a sátira mordaz do comportamento obsessivo em torno da dieta e da imagem corporal, outros podem se sentir desconfortáveis diante do retrato detalhado dos distúrbios apresentados à beira da patologia.

Minimamente, Club Zero oferece uma reflexão sombria sobre a busca pelo significado da vulnerabilidade da juventude diante de ideias extremas – uma jornada cinematográfica que, embora fascinante, pode não atender a todos os gostos ou estômagos sensíveis.

resenha: psales e msenna

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