Alice no País das Trevas

 

Alice no País das Trevas

O longa-metragem do diretor britânico Richard John Taylor – "Alice no País das Trevas" – está mais para um mergulho através de um espelho distorcido do que uma genuína e pretendida incursão pelo lado sombrio do romance de autoria do romancista Lewis Carroll. Apesar de acumular a responsabilidade pelo roteiro, Taylor peca ao tentar estabelecer uma sinistra “reimaginação” de "Alice no País das Maravilhas", expondo suas limitações na tentativa de desconstruir a obra de Caroll, com vistas a levar ao público cinéfilo uma releitura de um clássico original e consagrado, sob a ótica do terror.

Taylor define a ocasião da morte dos pais da adolescente durante um incêndio na casa onde moravam como ponto de partida da nova jornada da atormentada Alice. Em uma tentativa desesperada de se entregar a um contexto assustador e desconhecido, o roteirista e diretor define o destino da protagonista para que seja tutelada por uma sinistra tia, com quem passaria a residir numa sombria mansão.

O prólogo do longa carece não só de vitalidade, mas também de uma estética visual que sustente o temor do desconhecido apresentado pelo Coelho Branco como uma tentação macabra. A proposta de uma viagem surreal, por parte de Taylor, revela-se repleta de monotonia, onde o terror se manifesta em cenário único, habitado por uma figura enigmática e oculta por detrás de uma máscara, proferindo frases sinistras.

"Alice no País das Trevas", timidamente aborda o sofrimento da jovem, mergulhando em um psiquismo perturbador, onde personagens a conduzem ao limiar da insanidade. As sequências de terror falham em transmitir a essência lúdica, entregando ao espectador uma representação engessada, com traços de familiaridade desconcertante, distante do impacto que deveriam causar.

Taylor desperta tarde demais para a própria narrativa, deixando para o final, uma sequência verdadeiramente brutal que apenas arranha a superfície do potencial do filme. Em vez de mergulhar de cabeça no conflito familiar e explorar um caleidoscópio sem lógica, o diretor reduz o texto de Carroll a uma mera estratégia de marketing, perdendo a oportunidade de se entregar a uma verdadeira inspiração sombria.

resenha: psales e msenna

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