Wonka - Mergulha em temas nada infantis

 


A tendência dos atuais roteiros cinematográficos, em busca das origens de histórias já consagradas e de seus respectivos personagens, resgata em 2023, o clássico a “Fantástica Fábrica de Chocolate” de 1971, baseado na obra literária do escritor britânico Roald Dahl e dirigido por Mel Stuart, e lança Wonka – longa do gênero musical comédia fantástica, sob direção do escritor e diretor cinematográfico Paul King, corroterista  da obra escrita por Simon Farnaby.

A narrativa revela a audaciosa empreitada do jovem sonhador Willy Wonka (Timothée Chalamet) para estabelecer uma boutique de chocolates numa cidade fictícia que amalgama traços britânicos, americanos e europeus, situada num cenário imaginário do século passado. Entretanto, seus esforços são obstaculizados por Slugworth (Paterson Joseph), Prodnose (Matt Lucas) e Fickelgruber (Mathew Baynton) – três empresários cartelistas fabricantes de chocolates, elencados por Paul King como vilões e desafetos de Wonka.

Sem qualquer demérito à direção de King, a concepção das cenas dos números musicais de Wonka assume como fonte de inspiração a dinâmica da magia que norteia a coreografia do longa Mary Poppins, produzida pela Walt Disney Pictures, assumindo ares de tributo ao sucesso de bilheteria de 1964. Mas não somente a Disney a produção dirigida por King presta o seu respeito, mas à dirigida por Stuart, com o resgate da canção “Pure Imagination” – escrita pelos compositores britânicos Leslie Bricusse e Anthony Newley especialmente para o longa  de 1971, integrada à trilha sonora composta por Neil Hannon. Wonka também recebe generosamente, em seu elenco, os consagrados Rowan Atkinson no papel do padre Julius e Hugh Grant como Lofty – o icônico Oompa-Loompa.

Não são raros os momentos em que o roteiro de "Wonka" mergulha em temas nada infantis, abordando questões relevantes e atualíssimas, tais como: formação de cartel, escravidão corporativa, tráfico, homicídio, religião a serviço do crime organizado, lavagem de dinheiro, analfabetismo e gordofobia. Dessa forma, “Wonka” assume os vieses alimentados pela encantadora inocência infantil e pelo discernimento crítico na esfera sócio-político-cultural.

Protagonizando em meio a essa atmosfera mágica e fantasiosa, o promissor fabricante de chocolate cativa, não somente os personagens de apoio e figurantes habitantes da cidade, mas também o espectador, contrariando, num primeiro momento, a essência de um personagem sarcástico, com requintes de um misantropo recluso que assombra as travessuras infantis, do personagem interpretado, tanto na versão de 1971 por Gene Wilder, quanto na de 2005, por Johnny Depp – o que pode motivar um gatilho para uma versão de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” estruturada em argumentos futuros contemporâneos, contemplando um Willy (Chalamet) Wonka devidamente transformado pelas suas experiências de vida como um bem sucedido e mais maduro chocolatier.


resenha: psales e msenna

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