Doutor Estranho no Multiverso da Loucura - Delirantes 126 minutos de implacável entretenimento
Antes mesmo de ceder ao impulso do comparecimento a uma sala de cinema para assistir ao novo filme do Marvel Cinematic Universe (MCU) – “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, faz-se imperativo estar ciente de que se trata de uma produção voltada para uma legião de fãs leitores e de espectadores do universo Marvel que vem acompanhando, com fervor, os seus desdobramentos, tais como aqueles exibidos em “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” e nas primeiras temporadas dos seriados “Loki” e “WandaVision”. Aos curiosos e incautos que costumam ir ao cinema para comer pipoca, restam-lhes uma tela de projeção através da qual contemplarão um multiverso, sob o risco de ser percebido, equivocadamente, como nonsense e de ser combalido pela desinformação, diante do estrondoso potencial blockbuster do longa de estreia de Sam Rainmi na Marvel.
Os delirantes 126 minutos de implacável entretenimento – ambientados pelo estranho, pelo selvagem e pela loucura e embalados pela magnífica trilha sonora de Danny Elfman – foram cirurgicamente concebidos de modo a alucinarem, surpreenderem e emocionarem os obstinados fãs da Marvel.
O enredo assume duas vertentes: o caso de um amor interrompido entre Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) e Christine Palmer (Rachel McAdams) e a busca obsessiva de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) pelo reencontro dos filhos – frutos de sua inventiva criação, em algum lugar fora do multiverso. Trilhando uma história totalmente conectada aos eventos da série de 2021 para TV, Wanda cruza o caminho de America Chavez (Xochitl Gomez), uma jovem que tem como habilidade viajar entre universos, fazendo com que os protagonistas enfrentem escolhas difíceis e, muitas vezes, estranhas, ao perceberem que o destino de toda a realidade está em cheque.
A direção de Raimi pode sugerir uma iminente perda de controle da narrativa, abordada impetuosamente e repleta de informações e de conexões capazes de chocar, até mesmo, os mais aficionados no universo Marvel. No entanto, a parceria de Raimi com o roteirista Michael Waldron, tangenciando o terror psicológico, assume o controle da loucura e, sem dó nem piedade, pulveriza pérolas surpreendentes ao longo da saga que se revela um divisor de águas em meio às produções até então levadas ao público.
Por essas e outras, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” não se propõe à conquista de novos fãs, mas atender os anseios inimagináveis dos veteranos já iniciados no Universo Marvel, correndo o risco de promover o afastamento precoce de qualquer aspirante ao consumo das aventuras contempladas nesse universo. Mas uma coisa é certa – a já formada legião de fãs pode regozijar por satisfação plena. A estranheza dos quadrinhos e a entrada do misterioso MCU apresentado por Raimi, concretizam a riqueza contida em toda a trajetória dos filmes da Marvel.
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