Festival do Rio 2024 - Baby

 

"Baby" se apresenta como uma obra de cinema LGBTQ+, mas, o diretor Marcelo Caetano ao fazê-lo, revela uma falta de profundidade que é quase cômica. A história de Wellington, um jovem libertado de um centro de detenção, se desenrola como uma tentativa de amálgama de temas — amor, perda e mobilidade social — que, a rigor, nunca se encontram de fato no contexto apresentado. O que deveria ser um retrato vibrante da experiência humana se torna uma colagem superficial de clichés, onde as emoções mais profundas são tratadas como meras notas de rodapé.

A relação entre os protagonistas Wellington (João Pedro Mariano) e Ronaldo (Ricardo Teodoro), marcada por uma fluidez que deveria ser fascinante, acaba soando mais como uma tentativa apressada de subverter expectativas do que uma exploração genuína das complexidades da sexualidade e da paternidade. O filme, embora busque se ancorar em um laço emocional, frequentemente vacila em sua execução, flertando com o absurdo em vez de oferecer um olhar introspectivo.

Visualmente, "Baby" não se destaca de forma alguma, pois se acomoda em uma estética que parece estar presa em um loop de nostalgia cinematográfica, com uma predileção por tomadas de grua que, em vez de impressionar, evocam uma sensação de déjà vu. As fachadas de lojas cafonas podem ser charmosas, mas sua repetição cansativa fala mais sobre uma falta de originalidade do que sobre um amor genuíno pela cidade.

E quanto à mensagem otimista que o filme tenta enfiar goela abaixo? É uma tentativa tão desajeitada de encontrar a luz no fim do túnel que, ao final, parece mais um slogan do que uma reflexão verdadeira. Em vez de deixar o espectador com um sentimento de esperança, "Baby" se transforma em um exercício de superficialidade, onde a busca pelo bem nas pessoas se sente mais como uma imposição do que uma descoberta. Assim, o filme acaba sendo uma jornada de promessas vazias, onde o que poderia ser um rico mosaico humano se reduz a um simples jogo de sombras.

Por Mauro Senna

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